sexta-feira, 16 de novembro de 2012

As Três Fases Que Antecederam A Coroação De Davi





Após um longo período histórico, os israelitas chegaram à conclusão definitiva de que, a solução nacional se daria subseqüentemente à mudança do sistema governamental. Eles estavam insatisfeitos com o seu líder Samuel e, principalmente, com seus herdeiros sucessores Joel e Abias.  Neste período, Samuel já estava com setenta anos de idade e com os conflitos externos o povo se sentia inseguro e temia fortes adversários, dentre eles os principais eram os filisteus, que segundo os historiadores, “controlavam a distribuição de ferro, evitando que os israelitas viessem a possuir armas úteis” (Wiclffe p.802).  
Ora, era o plano de Deus a implantação de uma monarquia a Israel, assim como foi predito por Moisés “... porás certamente sobre ti como rei aquele que o Senhor teu Deus escolher...”,  porém isto deveria se cumprir no tempo de Deus, que ainda não era o momento. Mas a questão fundamental nesta rejeição é a obstinação do povo israelense em ter um espírito antiteocrático, embora a justificativa maior para tal questão seja a conivência de Samuel para com os atos de seus filhos, pois estes “...se inclinaram a avareza, e tomaram presentes, e perverteram o juízo...”.  Deus por ser longânimo e pacífico deu-lhes um capitão, o qual ao ser apresentado disse povo: “Viva o Rei”.   
Tiveram que ser responsáveis pela escolha, foram avisados mas, não deram ouvidos, como de fato não fugiram da conseqüência predita. Quanto ao escolhido, como vemos, foi Saul e o propósito desta unção foi: (1) dedicá-lo a Deus para a tarefa especial à qual foi vocacionado, (2) conferir-lhe graça eficaz e dons para a tarefa que lhe foi atribuída. 
É importante notar que, de Samuel a Saul ocorreu uma transição, que por sua vez não outorgava ao novo monarca poderes absolutos, condição esta pertencente unicamente a Deus. O mesmo deveria ser um rei teocrático, submisso a Deus como o supremo soberano do povo. Já ao se tratar de mudança, esta ocorreu no sistema. Exemplo: Os juízes eram aqueles que recebiam instruções diretas de Deus e logo as cumpriam (Juízes 3:9-11),  porém na monarquia o líder tinha uma maior autonomia. Saul o homem ideal aos olhos do povo terrivelmente pecou contra a teocracia, ou seja, contra o governo de Deus. 
Analisando a biografia do monarca escolhido pelo povo vemos ausência de fidelidade, pelejas a fim de satisfazer o seu ego, ambições com relação ao que não podia lhe pertencer. Em meio a estes e outros atos, vemos ações específicas de desobediências de Saul como sintomas de incapacidade fundamental para se submeter aos requisitos necessários para o reinado teocrático.
Em meio a diversas circunstâncias vemos sinais do misterioso agir de Deus manifesto paulatinamente na vida de Davi que ao ser ungido ainda em sua adolescência, nunca perdeu a esperança do cumprimento da promessa. Diversos foram os desafios propostos a ele: cada fase lhe serviu de diferentes estágios. Veremos que seu exemplo de vida nos sirva como modelo de perseverança, coragem e fé.



1. PRIMEIRA FASE

Tendo em vista evidências históricas e bíblicas, pode se observar como ponto de partida a unção de Davi, a qual marcou o início de uma vida com Deus, que segundo a Bíblia, por aquele ato “o Espírito do Senhor apoderou-se dele”.  Vida esta que despertava o desejo em prolongadas meditações,  e como resultado  um profundo alcance de sabedoria e conhecimento inspirados pelo Espírito de Deus, levando Davi dia após dia, a um alto nível de capacitação para o cumprimento de determinadas funções que lhe serviria de ponte para o inicio de novas fases.

1.1 O PROFETA PRONTO A ATENDER À VOZ DO SENHOR

“...enche o teu vaso de azeite e vem; enviar-te-ei a Jessé, o belemita, porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei.” (I Samuel 16: 1)

Samuel ao receber esta ordem de Deus, ao ungir um dos filhos de Jessé a rei, temeu porque o vaso para tal Ação era um chifre, uso de tradição.  Ao ver os belemitas a chegada do profeta com esta espécie de vaso, logo iria suspeitar, no mínimo, de duas coisas: (1) oposição ao rei atual; (2) sacrifício.No que tange a oposição, poderia ser em forma de rebelião ou na unção de um novo eleito de Deus, assim como era para ser. Todavia como este vaso podia ser usado no sacrifício, Deus providenciou uma porta de escape a Samuel que disse ser sua missão oferecer sacrifício.
Após Samuel se preparar para cumprir a ordenança divina, partiu de Ramá para Belém e ao chegar a Betel foi indagado pelos anciãos, ao que respondeu segundo a orientação de Deus e foi à casa de Jessé. A seguir uma lição de Deus para Samuel que vale a pena ser detalhada e considerada ainda hoje.

1.2 OLHANDO A APARÊNCIA

“...o Senhor não vê como vê o homem.” (I Samuel 16:7)





Ao entrar na casa de Jessé viu a Eliabe, um rapaz alto e de boa presença. Logo imaginou ser ele “... o escolhido...”,  porém foi advertido por tais palavras “... o Senhor não vê como vê o homem...”.  Mesmo sendo Samuel um homem em idade avançada e com muitas experiências, aprendeu que o olhar de Deus não é como o humano, mas o que aconteceria se Samuel exercesse seu livre arbítrio para fazer essa escolha? Trocaria o mais belo pelo certo. Isto serve de lição de vida para nós. Em muitas áreas de nossas vidas, erramos nas decisões, porque não buscamos a vontade diretiva do Todo Poderoso.
  
1.3 O PEQUENO DAVI COMO O ÚLTIMO DA FILA

“...Acabaram-se os Jovens?” (I Samuel 16:11) 

O Livro de Samuel nos dá a entender Davi ter sido o oitavo filho homem a ser visto por Samuel,  enquanto no livro de I aos Crônicas afirma que Davi era o sétimo filho homem, o total de nove era com suas duas irmãs (I Crônicas 2: 13 – 16).   Neste período Davi possivelmente tivesse 12 anos de idade. (MERRILL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento. CPAD. P.222 – 223.).  E dentre os seus irmãos, era o de menor estatura. Não era um soldado da corte como seus irmãos mais velhos, mas um simples pastor de ovelhas, como já mencionado acima. Quanto à beleza não era belo como Eliabe, porém, dentre todos de sua casa e nação era o escolhido de Deus. I Samuel 15: 28 diz:  
O que justifica não ter sido ele nem o ultimo da fila, foi à indagação de Samuel: “Acabaram-se os Jovens ?”

1.4 DAVI, O CAÇULA

“...o menor...” (1 Samuel 16:11)

Eram diversos os privilégios que o primogênito, ou o filho mais velho, possuíam. Eram os primeiros a assumirem as responsabilidades do lar e, talvez por isso, tinham mais facilidade em exercer domínio sobre os irmãos. Também a estes cabiam uma porção dobrada da herança (Deuteronômio 21: 17).  Pertencendo à família real, este era o indicado a ser o sucessor direto do rei no trono (II Crônicas 21: 3).  Quanto aos demais filhos, não ocorria a mesma oportunidade, porém não podemos interpretar isto como sinônimo de desprezo, e sim, de menos privilégios. Davi não se encontrava nesta posição, todavia quando Deus escolhe alguém afim de que este o represente, não há barreiras que impeça o seu agir, disse o apóstolo Paulo “...Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes.”.  O que nos leva à conclusão de que na lógica humana tem que ter para ser, mas na divina tem que ser para ter, ou seja, o ser é superior ao ter.

1.5 A UNÇÃO

“... e ungiu-o no meio dos seus irmãos.” (1 Samuel 16:13)

Quando o profeta era ordenado a ungir alguém, ele procurava cumprir, porque diante do Altíssimo, omissão é pecado e pecado tem conseqüência. Houve um momento de Deus enviar um profeta a ungir um gentil, que mais tarde reinaria nos seus termos e, lhe serviria como instrumento de juízo de Deus contra Israel (II Reis 8: 12,13),   e de tanto que ouvimos, e que falamos sobre o amor de Deus, que de repente, vemos Deus levantando alguém para servir de juízo contra a quem ele ama. É assim mesmo, este é o mal que vem para bem. 
Uma vez ungido para benção ou para juízo, passava a ter um sinal de Deus como dádiva, para exercer a função especifica no seu devido tempo. Contudo,  no que tange a unção de Saul, biblicamente falando ele tinha perdido o sinal de Deus em sua vida (I Samuel 15: 26 – 28),  no tempo determinado de Deus este sinal foi transferido a Davi, do qual se dizia “...o Senhor é com ele.”  


1.6 DAVI JÁ NÃO ERA O MESMO

“...e, desde aquele dia em diante o Espírito do Senhor apoderou-se de Davi.” (I Samuel 16.13)

Nos períodos anteriores à graça, o Espírito Santo se apossava somente em alguém que tivesse uma vocação específica. Embora muitos confundam a habitação do Espírito Santo com manifestações, porém, a Bíblia diz “...e apossou o Espírito de Deus sobre....” (Juízes 15.14)  , ou “....o Espírito do Senhor revestiu...” (Juízes 6.34).  Trata-se de manifestação em alguém que ele já habitava (Juízes 16: 20).   Foram raríssimas às vezes em que o Espírito Santo se manifestara na vida de alguém que não o possuía e se retirava (I Samuel 19: 23,24). 
Um grande exemplo disso, é o caso de Sansão em seu fracasso e isto por revelar a Dalila ser um “... nazireu de Deus...”,  conseqüentemente ao ser entregue aos filisteus, e ter as sete tranças rapadas, foi-se o espírito de Deus que agia no sobrenatural através dele. Davi foi privilegiado em possuir o Espírito de Deus em si, ou seja, desfrutou da vida de Deus. 
Por nossas experiências pessoais somos capazes de entender os sentimentos de Davi quanto à adoração, quanto ao sentimento de filiação, e por outro lado, sentimento de tristeza por atos que não condizem ao querer do Soberano.

1.7 OS TALENTOS DE DAVI

“...eis que tenho visto um filho de Jessé, o belemita, que sabe tocar e é valente e animoso, e homem guerra, e sisudo em palavras...” (1 Samuel 16:18)

Nota-se na história bíblica sobre Davi, que ele tinha diversos talentos, os quais eram: o da música, o da habilidade no manuseio da funda, o de liderar e o de poesia.

1.7.1 Músico

A Bíblia faz menção de muitos instrumentos, eis aqui alguns, tais como: “...pífano...”,  “...órgão...”,  “...flauta...”,  “...tamborim...”,  “...adufe...”,  “...trombeta...”,  “...saltério...”,  “...harpa...”.  Dentre estes, Davi tocava harpa, ele mesmo disse: “...cantar-te-ei ao som da harpa...”  
A harpa foi o instrumento inventado por Jubal, era considerado como “... o pai de todos os que tocam harpa...”.   Davi foi um harpista que fazia a diferença, um modelo de adorador. Diz a Palavra de Deus que “... quando o espírito maligno vinha sobre Saul, Davi tocava a harpa, então Saul sentia alívio..”   Isto não significa que cada vez que louvarmos a Deus com um instrumento o milagre tem que acontecer.Oxalá, bom seria!



1.7.2 Fundeiro

A forma mais simples de uma funda, era a de “duas tiras presas às duas extremidades de uma pequena peça de couro, em que colocava-se a pedra”.  Segundo nos diz a história, esta também fazia parte do equipamento dos soldados nos tempos antigos.
Os da tribo de Benjamim tinham fama de bons atiradores com uma mira precisa (Juízes 20.16).  Outra passagem bíblica faz menção de atiradores ambidestros (1 Crônicas 12.2).  Quanto aos pastores e guardas de manadas, estes usavam para afugentarem os animais ferozes, ou seja, para defesa.  No caso de Davi podemos considerá-lo não somente como um fundeiro de sorte, e sim, um talentoso. Em observação a este detalhe, devemos nos resguardar da ideologia da capacitação instantânea, isto é, a de que eu como um fundeiro posso atirar de uma forma irresponsável e não me preocupar com o alvo, porque uma mão o conduzirá. No próximo capítulo discorreremos um pouco mais sobre este assunto.

1.7.3 Líder

Como caminho para esta conclusão preferimos mostrar algumas virtudes do seu temperamento que mais sobressaia, ou seja, algumas características pessoais, das quais dizem as Escrituras a respeito dele: “... valente, animoso, homem de guerra, sisudo em palavras, de gentil presença...” .   Numa batalha, por exemplo, o valente não age como medroso; no dicionário Didático “animoso é ousado”, logo o homem de guerra não escolhe adversário como faz o covarde; o sisudo em palavras não age como o imprudente... As virtudes de Davi é o que prova sua capacidade de liderar. 

1.7.4 Poeta

Na literatura hebraica a característica da poesia não era a rima e nem a métrica, como conhecemos na literatura moderna, e sim, o paralelismo. (PFEIFFER, Charles H., VAS, Howard H. e REA, John , Dicionário Bíblico Wycliffe. P. 1573). 
Este, em determinado momento, marca um profundo contraste com a idéia principal. Observe a parte “a” e a parte “b” dos seguintes textos Salmos: 1: 6 “porque o Senhor conhece o caminho dos justos...” e 105: 23 “...e Jacó peregrinou na terra de Cam.”
No tocante a distinção entre estruturas poéticas, intencionalmente podemos mostrar que Davi não era um poeta inconsciente, ou seja, um músico que não tivesse conhecimento. Além de consciente, inspirado por Deus. 

1.8 A FUNÇÃO DE DAVI

Segundo a história bíblica, Davi veio de uma família pobre e sem influência na sociedade. Herdou uma profissão de pouca influência em seu tempo, pastor de ovelhas. Poucas eram as ovelhas do rebanho de seu pai, mas dava-se inteiramente de si aos cuidados (I Samuel 17. 34-36).  Isto é sinal de responsabilidade, de prontidão aos desafios e de profissionalismo.Veja a seguir pelo menos quatro virtudes necessárias a um pastor de ovelhas.45 

1.8.1 Amor

De acordo com Pfeiffer os pastores no oriente passavam uma vida solitária, vagueavam por lugares muito distantes a procura de pastagem, e tinham de proteger os seus rebanhos de dia e de noite.   Quando os pastores tinham de passar por lugares perigosos para saciar a sede das ovelhas, costumavam conduzi-las no período das águas tranqüilas (Salmos 23.2).  Durante este período as feras costumavam repousar. Sendo as ovelhas animaizinhos inofensivos e indefesos, precisavam de boa proteção. Havia o momento de o pastor pôr em risco a sua própria vida, pela vida das ovelhas, o próprio Jesus disse: “... o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas.”  

1.8.2 Zelo

Por zelo referimo-nos a um cuidado especial. O pastor zeloso, ao sentir falta de uma ovelha, sai em busca dela, estando ela enferma procura curá-la. No tocante ao ajuntamento delas, perto do anoitecer, o pastor ficava na porta do curral e fazia com que cada ovelha passasse debaixo da sua vara de pastor, observava cada uma delas que passava ao alcance de sua mão (Jeremias 33.13).  Caso ele desconfiasse de alguma coisa, não podendo discernir de imediato, dava uma varadinha na cabeça para testá-la, conforme sua reação, ele passava a saber, que aquele animal não era uma ovelha (Mateus 7: 15),   ao que este jamais ser arrebanhado.

1.8.3 Prudência

Ao amanhecer, os pastores levantavam-se cedinho e começavam a fazer barulho, batendo palmas ou gritando, já que as ovelhas por sentirem-se incomodadas com esse tipo de barulho ficavam amedrontadas, a ponto de se dispersarem, falo isto por de minha própria experiência com ovelhas. Nisto queremos mostrar que a prudência é uma virtude a transmitir segurança para as ovelhas, deste segredo Davi entendia muito bem.

1.8.4 Coragem

Esta é aquela que faz o pastor portar-se como um verdadeiro defensor das ovelhas, lembrando que Davi teve duas grandes experiências para contar ao rei: a do leão e a do urso, como já mencionado anteriormente.

1.9 O FLUIR DO ESPÍRITO DE DEUS PELA ADORAÇÃO

Não por mérito, mas por privilégio é que recebeu Davi tal unção, a qual, esta em parceria com a sua adoração. Fluía um mover que incomodava o mal, pondo o mesmo a se retirar, como acontecia com Saul. Davi sabia o que era verdadeira adoração, ou seja, o “adorar em espírito e em verdade” .  


2. SEGUNDA FASE

O que mais marcou esta fase foi a mudança de função pastoral para a de  guerreiro vitória sobre o gigante Golias, sua grande amizade com Jônatas, a exaltação temporária e seu enlace matrimonial com Mical. Tudo que parece estar dentro das possibilidades de Davi, aparentemente descartamos o agir sobrenatural de Deus, é um pensamento que deve ser alijado visto não ser baseado na verdadeira fé. Isto porque, dentro das impossibilidades de Davi surgiam os milagres; dentro das possibilidades, a cooperação do Espírito de Deus. Além do mais queremos mostrar esta etapa não ser uma mudança de história, e sim, a continuação da mesma.

2.1 PRONTOS PARA A BATALHA

“Ora, os filisteus ajuntaram as suas forças para a guerra e congregaram-se em Socó, que pertence a Judá, e acamparam entre Socó e Azeca... Porém, Saul e os homens de Israel se ajuntaram e acamparam no vale de Elá, e ordenaram a batalha contra os filisteus.” (I Samuel 17: 1,2)

No século XII a.C., solidamente os filisteus estavam estabelecidos na costa mais baixa do Mediterrâneo, concentrados em cinco cidades: Gaza, Ascalom, Asdote, Gate e Ecrom (Dicionário Bíblico. João Batista Ribeiro Santos p. 176 – 177).  É costume geral referir-se a sua estrutura política como uma pentápolis, ou seja, cinco cidades.(PFEIFFER, Charles H., VAS, Howard H. e REA, John, Dicionário Bíblico Wycliffe, p.806).  Cada uma era governada não por um rei, mas por um oficial como diz “...chefes dos filisteus...”.  A pentápolis demonstrava ser uma coalizão de cidades com direitos iguais, as quais exerciam certa autonomia. Ao se tratar de uma urgência nacional, como diz Pfeiffer, trabalhavam em conjunto e submetiam-se as decisões da maioria. No caso desta peleja com os filisteus contra os israelitas, reuniram-se os cinco oficiais como se fosse um, com grande exército, a fim de reconquistar alguns territórios nas regiões centrais de Israel. Mas o melhor que conseguiram foi chegar a um impasse contra as forças de Saul em Ephes Dammin, um lugar até agora não identificado, porém entre Sucote e Azeca, no vale de Ela, a cerca de 32 km a sudeste de Jerusalém.  Naquele local não era possível um combate aberto, o confronto seria decidido por um duelo, o que aos olhos dos filisteus era uma grande vantagem, vistos  serem extremamente belicosos.  

2.2 O DIA INESQUECÍVEL

“Disse então Jessé a Davi, seu filho: Toma agora para teus irmãos uma refa deste grão tostado e estes dez pães, e corre a levá-los ao arraial...” (I Samuel 17. 17).

Como um bom filho e servo, Davi saiu a cumprir sua tarefa naquele dia como provisioneiro (I Samuel 17: 17,18).  Mal, sabia que aquela ida não mais teria regresso a sua velha casa como moradia. Ora! Aquele dia ia ser o ponto de partida, onde os segredos de Deus que já vinham desenrolando, agora algo novo estava prestes a acontecer na vida daquele escolhido. Verdade é, nem tudo seria riso, pois haveria momentos de choro; nem todo o tempo se sentiria bem acompanhado por amigos, pois haveria o tempo de solidão, de desprezo. De onde tanto esperaria ser reconhecido, de lá se levantaria a grande perseguição. Portanto devemos saber, que este dia inesquecível agigantaria a sua fé, para que ele nos dias difíceis e de amargura, soubesse superar as crises esperando de Deus a vitória.

2.3 O GRANDE DESAFIO

“Disse mais o filisteu: Desafio hoje as fileiras de Israel; dai-me um homem, para que nós dois pelejemos.” (I Samuel 17: 10)

Provavelmente Golias era contratado pelos filisteus e talvez fosse descendente dos Refains ou Enaquins, pois era por costume naquela época, o adversário ofensor, fazer uma aposta oferecendo um dos seus valentes a guerrear com um outro exército inimigo, o campeão do combate dava o privilegio ao seu exército em tornar os seus adversários em vassalos. Aquele contratado pelos filisteus, sua força, grandeza e história considerou-se invencível, daí o que disse Samuel: “Não poderás ir contra esse filisteu para pelejar com ele, pois tu ainda és moço, e ele homem de guerra desde a sua mocidade”.   
Aquele que se parecia com um monstro, estava com seus trajes incomuns para um homem  de tamanho normal, só “o peso da couraça era de 5 mil ciclos de bronze”,  isto sem falar de sua lança, de seu escudo, de sua carapuça.
Aquele homem, para os soldados israelenses e para Saul era um dos grandes desafios, porém, para aquele, Deus já havia preparado o mancebo Davi, o ungido.

2.4 A HORA INESQUECÍVEL

“E Davi disse a Saul: Não desfaleça o coração de ninguém por causa dele; teu servo irá, e pelejará contra este filisteu.” (I Samuel 17. 32)

Davi ao se tornar ciente do desafio se expôs à disputa. O rei Saul com a visão tão limitada quis que ele se retirasse do campo de batalha, mas o jovem pastor ao fazer menção de suas experiências, as mesmas em que feriu o “leão e o urso”,  acabou por conquistar a sua confiança, uma vem que infelizmente, após Deus rejeitar a Saul, o poder dos filisteus ia aumentando cada vez mais, e com isto a opressão que durante todo o seu reinado nunca deixou de existir. O rei era ciente de toda maldade daqueles adversários; aquela era à hora da decisão, para a vida ou para a morte. Já os adversários filisteus, contavam plenamente com a vitória, enfim, não poderiam imaginar que Israel tinha em seu exército um  elemento surpresa. 

2.5 AS ARMADURAS DE SAUL

“...Não posso andar com isto, pois não estou acostumado...” (I Samuel 17. 39) 

Davi até experimentou, mas estranhou. Deve-se considerar que até aquele momento Davi não tinha experiência em combate militar e como prova disso, ele não havia sido convocado para aquela batalha (I Samuel 17. 28).  Já no lado profissional ele era um pastor que trazia consigo experiências do seu dia a dia e no que se diz de sua defesa às suas ovelhas, ele geralmente trazia consigo uma funda, a fim de espantar os animais. 
Podemos imaginar que cada pedra que Davi atirava buscando um alvo, sendo um galho ou um pássaro voando, era um aprimoramento de sua técnica para futuramente executar uma ação específica, não que isto desmereça a ação interventora do Espírito de Deus na vida deste jovem, mas ao chegar a hora de descer ao encontro de Golias, Davi estava preparado  e preferiu usar a arma da qual possuía destreza e familiaridade.   

2.6 DAVI SE DISPONDO A LUTAR COM SUAS ARMAS 

“Tomou o seu cajado na mão, e escolheu para si cinco seixos do ribeiro, e pô-los no alforje de pastor, que trazia, a saber, no surrão; e lançou mão da sua funda e foi-se chegando ao filisteu.” (I Samuel 17. 40)

Deus em sua onisciência já havia traçado a trajetória de Davi, que foi se cumprindo dia-a-dia a partir de seu nascimento. Pelo olhar humano ninguém era capaz de prever o futuro brilhante e de soberania deste rapaz, mas Deus não vê como o homem vê, ele olha o homem de dentro para fora, além do mais ele é capaz de assistir o futuro do homem mesmo antes de acontecer. No caso deste pastor, havia algo especial, era Deus no controle de sua história. Dentre os muitos talentos vemos sua habilidade em manusear a funda que servia como arma de defesa ao pastor e o de dedilhar a harpa que fazia parte de sua devoção. De modo que, podemos entender que Davi estava sendo preparado para batalhas naturais e espirituais. Nas espirituais, algumas vezes, ele venceu ao dedilhar, mas nas naturais, no duelo contra o gigante, faria uso de sua funda.
Em meio a milhares de soldados, apesar de não ser um, não era somente Davi hábil no arremesso, mas o que fazia a diferença no bravo homem não era a força nem a idade, mas o Espírito do Senhor que era com ele. Pela determinação e motivação, oriundo de sua fé, foi ao habilidoso guerreiro com sua funda e trajes de pastor.

2.7 – DESPREZADO POR GOLIAS

“... olhando o filisteu e vendo a Davi, o desprezou...” (I Samuel 17. 42)

Trazendo para os nossos dias, há muitos Golias olhando para os Davis e dizendo: eu sou maior, eu sou o melhor, eu sou o mais experiente, o herói renomado, o mais forte e invencível, isto referindo-se às batalhas do cristão no dia a dia. Mas, o que o gigante não sabia era que aquela batalha pertencia ao Senhor e que “...Deus escolhe as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes...”   sem calcular as conseqüências Golias o amaldiçoou, como forma de desejar que seja atingido por uma desgraça (PFEIFFER, Charles H., VAS, Howard H. e REA, John, Dicionário Bíblico Wycliffe. p. 85),  e também desafiou acreditando e determinando a vitória. Noutras de palavras, Davi o “desafiou em o nome do Senhor dos Exércitos”.  

2.8 O COMBATE

“...Davi prevaleceu contra o filisteu com uma funda e com uma pedra, e feriu o filisteu, e o matou sem que Davi tivesse uma espada na mão...” (I Samuel 17. 50)

Segundo pesquisas arqueológicas no que diz à respeito desta batalha:

 “Abner tinha um plano de ataque surpresa, que seria privar os filisteus das brigas, dos cavalos de combate, e, vencerem em combate mão-a-mão. Para isto era necessário armar emboscadas, criar pandemônios, movimentar os arqueiros para ficarem em volta de seu campo inimigo e atearem fogo nos carros logo no início do combate. Mas o que estava faltando, seria algo para divergir e atrair a atenção dos filisteus totalmente”.

Este alguém foi Davi, e continua o documentário, “o general orientou minuciosamente o rapaz como deveria fazer e, como retardar a guerra o máximo possível, a fim de cercar o exército adversário enquanto estivesse entretido com o duelo tão esperado”.   Ao final da luta prevaleceu o pastor que, com sua funda ao atirar feriu o valente. Após tombá-lo tomou posse da espada do adversário “... e o matou e lhe cortou com ela a cabeça...”.  

2.9 A VITÓRIA

“...voltaram os filhos de Israel de perseguirem os filisteus e despojaram os seus arraiais.” I (Samuel 17. 53)

Comumente, quando um exército pegava outro desprevenido e este se punha em retirada, geralmente os fugitivos não perdiam tempo em desarmar as tendas, em pegar as cargas, nada que comprometesse a fuga, o que era indispensável eram as armaduras. Nos anais históricos temos o registro que os fugitivos foram os filisteus, e quem se apoderou do despojo foi o povo de Israel, povo se referindo ao exército como relatado na conquista de Canaã, (Josué 8: 3 – 5).  Isso serve como lição de vida para nós, ainda que o problema pareça insolúvel, nossas forças esgotadas, todavia se perseverarmos combatendo e crendo que para Deus nada é impossível, que a força dele é inesgotável e que ele nos tem por vitoriosos, seremos vencedores e não vencidos.

2.10 DAVI TORNANDO-SE AMIGO DE UM PRÍNCIPE

“...a alma de Jônatas se ligou com a alma de Davi; e Jônatas o amou, como a sua própria alma.” (1 Samuel 18. 1)

Havia uma diferença significativa com relação a idade de Davi e a de Jônatas,  mas isto não resultou em barreira a este laço de amizade. Talvez é de se crer que tal conquista foi resultado do ato heróico do jovem pastor. Podemos acreditar que tal relacionamento lhe serviria como uma dose de ânimo e motivação nesta segunda fase, mesmo em meio às adversidades. Sabiamente disse o salmista: “Quem é como o Senhor... Que do pó levanta o pequeno e, do monturo, ergue e necessitado, para fazer assentar com os príncipes do seu povo”.  Biblicamente em nenhum trecho bíblico se vê trapaça e ludibriação por parte do filho de Jessé, visando galgar  privilégios, em tudo que ele prevalecia era pelas mãos do Senhor. 

2.11 UMA VIRTUDE DE DAVI TEMIDA PELO REI

“Vendo, então, Saul que tão prudentemente se conduzia, tinha receio dele.” (I Samuel 18. 15) 

Suponhamos que o receio de Saul pela prudência de Davi, estava na conquista da popularidade que fluía no decorrer dos dias como resultados de suas vitórias e de sua conduta ilibada, o que servia de incômodo ao rei, cujo crescente ciúme o impulsionava à busca de mais ocasião para desonrá-lo diante do povo, desejando um meio de aplicar sutil execução. Um deste foi em “...apossar o rapaz como chefe de mil...”,  onde sem querer acabou por honrá-lo, pois lhe “...deu sua filha Mical por mulher...”.  Isto proporcionou ao filho de Jessé mais vitória, e o que para o monarca Saul seria por cilada, acabou gerou um crescente respeito, fonte de escape de outro futuro golpe contra Davi como mais adiante falaremos,e, um vínculo permanente naquela dinastia, que tarde resultaria em resultados positivos a sua posse como rei de todo Israel (II Samuel 3:12-14).  

2.12 O RESULTADO DO CIUMES DE SAUL

“... Mical desceu a Davi por uma janela; e ele se foi, e fugiu, e escapou.” (I Samuel 19. 12)

Temendo por sua vida, Davi fugiu e foi-se a Samuel,que segundo Pfeiffer era chefe da casa dos estudantes que habitavam em Naiote, uma área de Ramá. “A palavra Naiote significa lugares de moradia, ela pode ter se referido a um grupo de vida comum ou em um mosteiro, para um grupo de profetas, a que Samuel forneceu inspiração e liderança”.  Swindoll faz o relato de uma escavação arqueológica em Naiote, onde os “arqueólogos encontraram restos antigos do que chamaríamos de condomínio, construções germinadas dispostas na forma de labirinto”.  Se condomínio ou mosteiro, o que se sabe é que Davi, após ter sido descido por uma janela e fugir, procurou um lugar seguro para se refugiar. Aquilo não era um mero acaso, mas a direção precisa de Deus na vida dele. Diz o sábio Salomão “os passos do homem são dirigidos pelo Senhor; o homem pois como entenderá o seu caminho?”   O que prova isto é que chegando ao conhecimento de Saul o local que estava o bravo guerreiro, houve várias tentativas para capturá-lo, até mesmo, o próprio rei o fez. Ao chegarem lá, o que aconteceu com o primeiro aconteceu com todos os outros, como diz: 
Então Saul enviou alguns homens para capturá-lo. Todavia, quando viram um grupo de profetas profetizando, dirigidos por Samuel, o Espírito de Deus apoderou-se dos mensageiros de Saul, e eles também entraram em transe. Contaram isso a Saul, e ele enviou mais mensageiros, e estes também entraram em transe. Depois mandou um terceiro grupo e eles também entraram em transe.  Finalmente, ele mesmo foi para Ramá. Chegando à grande cisterna do lugar chamado Seco, perguntou onde estavam Samuel e Davi. E lhe responderam: “Em Naiote de Ramá”. Então Saul foi para lá. Entretanto, o Espírito de Deus apoderou-se dele, e ele foi andando pelo caminho em transe, até chegar a Naiote. 
Esta era uma forma pelo qual Deus usava para proteger o seu escolhido. Todavia se sentindo extremamente impressionado, resolveu fugir de lá, vindo até Jônatas a fim de saber o porque daquela perseguição. Após ter sido informado pelo seu amigo do ciúme do rei, da preocupação em relação ao reino, sentiu a necessidade e a urgência de uma tomada de decisão.

2.13 A DESPEDIDA DE DOIS GRANDES AMIGOS

“... disse Jônatas a Davi : vai-te em paz...” (I Samuel 20:42)

Nota-se, até aqui estando Davi ainda na casa do rei, desfrutou de conquista aparentemente impossível, como aos cem prepúcios dos filisteus. Houve também até o tempo de conquista enganosa, porém, nada pode pôr fim a amizade de Davi e Jônatas, nem mesmo as atitudes de Saul foram capazes de implantar rancor entre eles.
Uma nova fase estava preste a iniciar, e o que marcou o fim desta foi à despedida dos dois grandes amigos. Segundo a promessa do rei, Davi não poderia sair de mão vazia, além de ter recebido uma princesa como esposa, receberia também grandes posses. O que prometeu em relação ao casamento, se cumpriu diferentemente do modo esperado (I Samuel 18:19,20,27),  no que tange às posses, não temos como provar, o que se diz é que as mãos de Deus era como Davi. Os privilégios da casa de Saul para com Davi e seus pais cessaram-se, mas a bondade e a misericórdia do Senhor em suas vidas perduraram. Jessé com sua casa que havia recebido isenção de impostos (I Samuel 17: 25),  teve que fugir de Belém (I Samuel 22:14),  até que por fim chegaram a Mizpa dos Moabitas, ferrenhos inimigos de Israel, um povo de cultura muito diferente. 
Quanto a Davi, o que se nota é que este, ao sair, necessariamente teve que abandonar sua esposa, sua posição social e distanciar-se do grande amigo Jônatas . O que aparentou ser o final de tudo, foi um salto para outra nova fase. Jônatas sabia que Davi seria rei, pois desejava ser o segundo de Davi (I Samuel 23: 17). 



3. TERCEIRA FASE

O que respalda uma nova fase a partir do versículo quarenta e três do capítulo vinte do primeiro livro de Samuel que diz: “Então Davi se levantou e partiu...”, a partir daí vemos o redemoinho de eventos encerrados, tais como: a perda de sua boa posição, “...Saul tinha posto sobre a gente de guerra...”;  a perda de sua mulher, que mais tarde foi dada “a Paltiel”,  teve também que ausentar-se de seu melhor amigo, Jônatas, e finalmente sua auto-estima, prova disto foi em ele ir “a Aquis”.  Davi teve de tomar tal decisão para se preservar, pois a resistência poderia custar-lhe a vida. Esta não foi a sua primeira fuga, anteriormente, ele havia ficado um tempo com o profeta Samuel em Ramá, depois retornou à Gibeá, terra da residência do rei, em busca de orientação quanto ao rumo ou que decisão que deveria tomar, se regressar ou fugir permanente. Optando por esta última, entrou numa batalha, na qual podemos considerar como a  luta para a sua sobrevivência.
Passando por Nobe, foi até o sacerdote Aimeleque e lhe pediu “...pães ...” e “...espada...”.  Após cordialmente atendido, apressadamente se deslocou a Gate, terra dos filisteus. A partir desta cidade, vê-se algumas estratégias de Davi, o mover de Adonai em prol de seu ungido, os limites do belemita e o raiar do novo dia na vida do grande herói.

3.1 ESTRATÉGIAS DE DAVI

Muitas foram às estratégias usadas por ele, pois, era necessário, ora por sua sobrevivência, ora por segurança das pessoas ligadas a ele. Destacamos duas das várias estratégias usadas por Davi, a saber:

3.1.1 Uma forma de escape

“...contrafez-se diante dos olhos deles, e fingiu-se doido nas mãos deles, garatujando nas portas, e deixando correr a saliva pela barba.” (I Samuel 21.13)

Sabendo Davi que o território dos filisteus era temido pelo rei Saul, acreditou ser lá o lugar a proporcionar-lhe segurança. A falha de raciocínio desse personagem se deu em não levar em conta sua posição na corte, pois não era mais um simples pastor, e sim, uma pessoa da nobreza, da casa real, principalmente pelos seus feitos justamente contra estes adversários. Vemos que, ao chegar em Gate, os criados de Aquis logo o identificaram e imediatamente foi levado à presença do rei.   
Vendo a situação de risco, usou uma estratégia de escape, fingindo insanidade (I Samuel 21.13-15).  Segundo registros históricos, “o oriente desde a antiguidade olham para os loucos com certa reverência, considerando-os possuídos por uma espécie de caráter sagrado”.  Interessante ressaltar a capacidade de Davi em ludibriá-los, embora entende-se que os servos do rei em Gate não ficaram convencidos, mas tiveram que reverenciar a ordem maior. “... há de este entrar na minha casa?”  

3.1.2 – Conduziu sua família a um lugar seguro

“Dali passou Davi para Mizpa de Moabe; e disse ao rei de Moabe: Deixa, peço-te, que meu pai e minha mãe fiquem convosco, até que eu saiba o que Deus há de fazer de mim.” (I Samuel 22: 3)

Segundo o pensamento de Eugene:
 “Davi no início de seu exílio, enviou sua família para encontrar refúgio junto ao rei de Moabe em Mizpa, um local que infelizmente não pode mais identificado pela arqueologia. Sem as referências bíblicas, o reino dos moabitas, desse período, permanece um mistério.”  

Fazendo uma observação na essência que as fontes nos conferem, há quem diga que “o rei de Moabe se simpatizasse com Davi por causa de Rute, sua bisavó, que era moabita”.  
No que se diz da atitude de Davi em se preocupar com sua família, é que ele tinha ciência de que a revolta do rei contra si poderia repercutir sobre sua casa. Sendo assim, como medida de segurança, o justo seria prover um exílio em outro país. Esta foi uma medida de segurança para com os seus. Nisto temos como exemplo o que é o viver em família não pensar apenas em si, mas também nos outros. 

3.2 – O MOVER DO TODO-PODEROSO EM PROL DE SEU UNGIDO

Disse Davi em um de seus salmos: “o Senhor tem sido o meu refúgio e uma torre forte contra o inimigo”.  Ele era ciente de suas vitórias, de suas conquistas, as quais não dependiam exclusivamente de suas forças, mas também do agir de Deus.
Durante os dez anos, aproximadamente,   dessa terceira fase, Davi teve que se expor a batalha, mas para isto não poderia estar sozinho, e quanto ao aparentemente impossível Deus cuidaria, como vemos adiante. 

3.2.1 Deus deu um grupo de guerrilheiros a Davi

“Ajuntaram-se a ele todos os que se achavam em aperto, todos os endividados, e todos os amargurados de espírito; e ele se fez chefe deles; havia com ele cerca de quatrocentos homens.” (1 Samuel 22: 2)

Em relação às provações do homem, diz a Bíblia que “Deus não deixará tentar além do que podeis suportar”.  Davi precisava de defensores, porque não era apenas Saul seu adversário, haviam outros (I Samuel 24.9).  Sendo assim o Senhor proveu o necessário para a urgência do momento, enviando a ele quatrocentos homens. Um pouco mais tarde vemos este grupo sendo acrescido para seiscentos (I Samuel 23:13).  Davi e seus homens se tornaram temidos, tanto que nas duas vezes em que Saul saiu para capturá-lo, levou consigo três mil soldados escolhidos (I Samuel 24:2; 26:2).  Os príncipes dos filisteus também temiam (I Samuel 29: 4)  .

3.2.2 – Nabal sob juízo divino

“...Quem é Davi, e quem o filho de Jessé? Muitos servos há que hoje fogem ao seu senhor.” (I Samuel 25. 12)

Analisando este episódio a partir dos fatos iniciais, primeiramente vemos um elo de amizade entre Davi e seus companheiros com os pastores de Nabal . Aqueles que eram odiados por uns, temido por outros, generosamente assistiram os servos de Nabal durante um tempo (I Samuel 25.14-16).  Dentro deste período não vemos sequer sinal de oportunismo. Segundo Charles “no costume da época, quando havia tosquia das ovelhas, era comum que o proprietário dos animais separasse uma parte dos lucros e desse aos que haviam protegido os pastores enquanto eles estavam nos campos. Isto era o mesmo que dar gorjeta a um garçom”.  Chegando o dia em que Davi e seus homens recorreram a Nabal e nas condições de quem carecia de socorro, este recusou ajudá-los. 
Será que Nabal não tinha conhecimento dos atos heróicos de Davi? Pode-se acreditar que ele nunca fora informado da assistência aos seus servos?
A Bíblia nos diz que a fama de Davi não se limitou a sua nação, mas chegou ao exterior (1 Samuel 21.11;29.5).  O termo pejorativo mencionado na epigrafe, foi uma forma de ele não reconhecer a Davi como um ungido de Deus (I Samuel 25.39).  Já no que se diz de sua ganância, não há nada que comprove ter sido ele desinformado de tais benefícios. Sua dureza de coração o levou a cometer um grande pecado, caracterizado como sendo contra a autoridade de Deus. Isto porque há duas formas de pecar contra Deus: contra sua santidade e contra sua autoridade de Deus. Pecamos contra a santidade de Deus é quando exercitamos as obras da carne, tais como: “... imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes...”;  e pecamos contra a autoridade de Deus refere-se a quando levantamos contra o representante de Deus, que esta lutando em prol do reino de Deus. Como exemplo tem a “... murmuração dos filhos de Israel contra Moisés e Arão, por causa da fome, todavia isto foi uma ofensa contra Deus...”.  Portanto podemos especificar que o juízo de Deus contra Nabal foi inevitável, por desacato ao representante e escolhido de Deus.
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3.3 – DAVI EM SEUS LIMITES

“Disse, porém, Davi no seu coração:”Ora, perecerei ainda algum dia pela mão de Saul; não há coisa melhor para mim do que escapar para a terra dos filisteus, para que Saul perca a esperança de mim, e cesse de me buscar por todos os termos de Israel; assim escaparei da sua mão.” (I Samuel 27. 1)

Já cansado de fugir de um lado para o outro, chegou a ponto de acreditar que seu oponente seria maior do que o Deus da promessa que o amparou durante todo o tempo, como vemos usou Mical para que o “descesse por uma janela”   para livrar-se do intento de Saul seu pai, deu livramento entre os profetas que estavam em Naiote, usou Jônatas para que o avisasse , providenciou alimentação e arma por meio do sacerdote Aimeleque, criou estratégia diante de Aquis rei de Gate, para que não fosse vingado diante dos filisteus, ao consultar ao Senhor recebia orientação quando e onde devia andar. Como exemplos vemos o “...livramento aos da cidade de Queila que estavam sendo saqueados pelos filisteus, porém por suas mãos Deus deu livramento...”,  e como prova de que Deus era com ele, pela sua instrumentalidade somos notificados de coisas incomuns, tais como, mesmo seu adversário estando rodeado por soldados, Davi não temeu aproximar deles enquanto dormiam e “cortar a orla do manto de Saul sem que ninguém percebesse”.  Na frustração que ele teve com Nabal, Deus se vingou por ele. Novamente Davi sendo perseguido por Saul, silenciosamente ele e “alguns de seus servos aproximaram-se do rei enquanto dormia e um deles tomou a bilha de água sem que ninguém notasse”.  Apesar de tudo isso, chegou o dia de tomar uma decisão, acreditando ser esta o fim de tal perseguição.
Indo ele a Gate, terra dos filisteus, pediu ao rei lugar para habitação (I Samuel 27: 2),  este forneceu Ziclague (I Samuel 27: 6).  Naquela região, ele com seu exército atuaram como guerrilheiros, perseguindo as três tribos nômades: os jesuritas, os jersitas e os amalequitas. Os jesuritas habitavam na terra que pertencia à meia tribo de Manassés que se situava no sul de Judá, isto porque durante a posse da terra a meia tribo não se esforçou em eliminá-los (Josué 13.13).  Os jersitas e os amalequitas moravam na mesma região.  Segundo, comentário bíblico, “estas três tribos nômades eram conhecidas por seus ataques surpresa e tratamento cruel ao povo inocente, estes serviam de perigo para os filisteus e especialmente aos israelitas”.  Aparentemente isto era um favor que Davi estava fazendo ao rei de Gate, mas na verdade um alívio aos seus compatriotas, como dito acima, estas tribos situavam no sul de Judá. Quanto ao relatório que prestava ao monarca, dá um parecer, que Aquis entendia que Davi estava lhe favorecendo lutando contra os israelitas (I Samuel 27.10),  mas é de se esperar que ele estava fingindo lealdade, pois Davi estava em suas dependências territoriais. Os exércitos dos filisteus, ao se juntarem para peleja contra Israel, Aquis convocou a Davi, o qual com seus homens de pronto se puseram e Deus os livrou pela oposição dos outros lideres Filisteus em relação à presença de Davi com os seus. Em regresso, ao terceiro dia chegaram em Ziclague, que neste intervalo foi destruída pelos Amalequitas e as mulheres levadas cativas, por isto houve um grande furor por parte dos homens da Davi que até cogitaram apedrejá-lo. Neste momento Davi teve que recorrer a Deus, tirou forças das fraquezas, diz a Bíblia que “ele se esforçou no senhor seu Deus”,  a consultar o que deveria fazer. Quantas vezes nós recorremos a Deus não voluntariamente, e sim, pela pressão das circunstâncias. Porém, Deus é sabedor dos nossos limites, e assim como era sabedor de até que ponto Davi chegaria. Sendo orientado por Deus seguiu a caminho.
 O que serviu para conduzí-los pelo caminho, foi o egípcio que estava na beira da estrada impossibilitado de prosseguir a viagem devido à fraqueza. Mas este foi fortificado e serviu de guia, porque ele estava na batalha, pois era servo de um amalequita. Ao chegar no local encontraram os que levaram as famílias de Davi e seus homens comendo, bebendo e dançando. Ao vê-los os quatrocentos amalequitas que estavam a camelo, fugiram dos guerrilheiros, os que ficaram foram mortos e os cativos resgatados. Entretanto voltaram, não sabiam que Saul e seus filhos haviam morrido, ficaram sabendo no terceiro dia de terem voltado a Ziclague. O que mais chama a atenção é que Davi ao saber da morte daquele que o perseguia não se alegrou, e sim, “ele e seus companheiros prantearam, choraram e jejuaram ate à tarde”.  Nisto vemos que Davi não tinha sede de poder, soube esperar no tempo de Deus. 

3.4 – O RAIAR DO NOVO DIA

Há quem diga que Samuel ao ungir a Davi, sussurrou em seu ouvido “Você vai ser o próximo rei”.  Como já citamos no primeiro capítulo, a unção ocorrera aos doze anos de idade, aguardou aproximadamente dezoito anos pelo cumprimento (II Samuel 5.4).  Nestes, pouco foi o tempo de glória, a maior parte foi de combate, de fuga, de não  reconhecimento pelos seus feitos, e ausência dos familiares, entretanto, nada disso foi capaz de ofuscar a esperança deste guerreiro. 
Depois de lamentarem a morte de Saul e Jônatas, Davi consultou ao Senhor se poderia subir a alguma cidade de Judá, ao que sendo orientado foi a Hebrom, e lá se juntou com os homens de Judá, e ali “o ungiram rei sobre toda casa de Judá”. 
Entoou Davi em um de seus salmos, “o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã”.  Este foi o novo dia para o ungido de Deus.

CONCLUSÃO

Quando alguém é chamado a um a missão específica, é porque este ou aquele está capacitado. Davi passou por este estágio, na primeira fase, teve um particular com o Todo Poderoso; na segunda fase, com sua vivência aprendeu estratégias, aprendeu a como se portar como um monarca e como lidar com o povo. Na terceira fase, aprendeu a ser dependente de Deus, conhecendo-lhe mais de perto. Passou a entender, progressivamente, os cuidados do Altíssimo para com aqueles que nele crêem.
O ungido, tido por escolhido de Deus, pelas suas experiências pode perceber um elo entre a longanimidade e a justiça do divino. Como exemplo de longanimidade, vemos esta sendo outorgada a Saul por alguns anos; por outro lado vemos que a justiça ao se manifestar, fez com que o novo dia viesse nascer para o filho mais novo de Jessé. 
Deus escolheu, Deus prometeu e foi fiel em seu tempo a cumprir. Isto nos traz convicção da Soberania do qual o servimos. Davi esperou, confiou, apesar de suas falhas, procurou agir segundo Deus  
    


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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